Por: Cecilia Cardoso Teixeira de Almeida
A recentemente fundada seção local AGB/ABC ofereceu no ano de 2019 uma proposta de mini cursos cujos temas emergiram das demandas e dificuldades enfrentadas pelos geógrafos sejam no campo de formação de professores sejam na área de bacharelado e pesquisa.
Assim nasceram motes que recobriram desde o que entendemos ser a prática profissional da geografia seus pressupostos teóricos e impasses assim como discussões sobre as determinações do urbano, – da geomorfologia à economia política das cidades. Os tópicos escolhidos geraram oito cursos sendo cada um de oito horas e que se estenderão como parte da agenda da seção local no ano de 2020.
Os dois primeiros temas realizados em 2019 foram “A necessidade de saber o que é geografia para ensinar e fazer geografia. Geografia, ensino e pesquisa – proposições” e “Formação territorial do Brasil e os marcos regulatórios de acesso a terra”.
Nesse primeiro, discutimos os fundamentos teóricos e metodológicos da geografia contemporânea em suas ligações com o positivismo lógico presente na ciência moderna, dos quais as dicotomias e entraves mais recorrentes dentro desse campo como: a relação entre sociedade e natureza, o objeto da geografia e a sua alçada, teoria regional ou geral e etc. Disso derivaram depoimentos sobre as formas de lidar com assuntos diversos que distribuídos pelo ensino seriado fragmentam ainda mais o estudo de geografia. Para ilustrar essa afirmação, os assuntos presentes na escola no ensino fundamental e médio vão desde as dinâmicas da natureza até a geopolítica dos conflitos no Oriente Médio o que para a maior parte dos professores (e alunos) torna a prática profissional penosa e desconectada. Mas, não parou por aí. Em verdade os profissionais presentes também demostraram que essas adversidades de caráter teórico repercutem, por suposto, em suas práticas de pesquisa pelas mesmas razões supra citadas, ou seja, pelo desenvolvimento da ciência geográfica contemporânea.
Assim sendo, como dar sentido a esses conteúdos ou antes como amarrá-los sem cair nas dicotomias referidas? Donde, adveio, por parte de uma participante, a sugestão da formação de um grupo de estudos para dar encaminhamentos a essas e outras discussões, antes que possam dissipar na rotina corrida e atropelada do professor e/ou bacharel, tanto na rede pública quanto na privada.
Em um segundo momento, se deu a análise do processo de formação do território brasileiro onde pudemos experimentar uma abordagem em que foram reelaboradas as interdependências entre fatos e fenômenos de características diversas, para dar contornos a essa totalidade chamada Brasil. Dito de outra forma, atravessamos a composição geográfica do território brasileiro tomando-o como expressão e objetivação da sua própria história. Nesse sentido, o esforço do primeiro mini curso deu suporte ao tema do segundo, fechando as atividades do ano de 2019.