Nota de repúdio aos responsáveis pela deterioração do Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA) e complementação a chamada de luta pela educação superior pública, gratuita e qualidade
A AGB-ABC se solidariza pela luta de estudantes, ex-estudantes, professores e demais profissionais que defendem abertamente a reversão do processo de pauperização do centro universitário que, ao longo das últimas gestões, apresentou a incorporação de práticas voltadas à uma formação imediatista e não condizente com as necessidades do ABCDM Paulista, escolhendo cursos em detrimento de outros por resoluções políticas e manutenção de cargos internos, mantendo mensalidades fora das condições materiais de trabalhadores que outrora tinham a instituição como destino de sua formação, além de eliminar importantes quadros, cuja responsabilidade com seus departamentos e cursos somavam anos de luta a favor de uma educação humana, científica e crítica, importante para transformações sociais em todos os níveis e a longo prazo.
A deterioração da instituição corresponde a processos múltiplos, sendo um dos principais, a transformação, desde 2004, do CUFSA em autarquia municipal com suposta autonomia financeira, ausentando a Prefeitura Municipal de Santo André (PMSA) de manter os subsídios e se responsabilizar pelos rumos da instituição. Embora estejam assegurados pela lei municipal que originou a instituição, as medidas tomadas pelas reitorias que, ao invés de manterem cobrança em relação a PMSA, buscaram competir com instituições de qualidade duvidosa através dos mecanismos de mercado, baixando seus níveis de formação e produção acadêmica. A política de mensalidade e manutenção da instituição, por meio dos mecanismos do mercado, refletiram na perda significativa de alunos, além da impossibilidade de sustentação de importantes quadros de professores e técnicos. Este é o resultado do peso orçamentário de uma reitoria que preza pelo centro universitários, mas pondera pelo custo individual de cada curso, inibindo receitas da instituição, o sucateamento físico dos espaços de ensino, etc.
Se analisarmos o funcionamento da instituição, evidencia-se a convergência entre os dois processos citados acima nos principais conselhos decisórios do CUFSA (Conselhos Diretor – CONDIR – e Universitário – CONSUN), onde cargos de confiança são escolhidos pelo prefeito, direcionando um importante peso nas decisões sobre os rumos dos cursos, funcionamento interno e externo da instituição, preços de mensalidade, entre outros. Na gestão do atual reitor (não eleito), Prof. Dr. Rodrigo Cutri, além de aprofundar a pauperização da formação na instituição, com a proposta de oferta de cursos de educação a distância (EAD), houve ainda a redução de grades e jornadas de aula para atender uma planilha de custo que não é aberta para a comunidade acadêmica, com a justificativa de enquadrar os cursos as resoluções do Ministério da Educação e da Cultura (MEC). A alteração do estatuto interno da instituição, sem amplo debate com a comunidade acadêmica e fechamento aleatório de cursos, de acordo com resoluções baseadas em custo por curso, independente da realidade, explicita um Centro Universitário que deveria prezar pela manutenção da pluralidade acadêmica, científica e de formação.
Tais resoluções destoam do caráter histórico da instituição, que formou profissionais em diversas áreas para todo o ABCDM Paulista e Zona Leste de São Paulo. Ademais, no campus mais atacado recentemente pela instituição, a Faculdade de Filosofia (FAFIL), formando licenciados e bacharéis nas áreas de ciências humanas, biológicas e exatas, contribuiu para a educação em todos os níveis em instituições públicas e privadas na região, além de formar técnicos que compõem o corpo de funcionário das prefeituras locais, de instituições voltadas à consultoria e planejamento ambiental, urbano e territorial, organizações civis e movimentos sociais de todos os tipos: à técnicos e ativistas de sindicatos e outras formas de atuação das representatividades de classe e segmentos profissionais; ou seja, a formação abrangente a qual a Fundação Santo André proporcionou foi de suma importância para a dimensão política e econômica de toda a região e a consolidação de debates públicos a respeito da tomada de consciência de seus problemas, além da possibilidade de atuação na vida pública em todas as esferas políticas e cotidianas da população local.
Neste sentido, repudiamos a decisão dos Conselhos Diretor e Universitário nos anos recorrentes de 2019 e 2020, pela opção de não abertura de turmas dos tradicionais cursos do CUFSA, principalmente aqueles da FAFIL, que tanto contribuíram para a formação de filh@s de trabalhadores do ABCDM Paulista e Zona Leste de São Paulo, bem como nos solidarizamos e estamos abertos ao diálogo, para fazer parte da luta da comunidade acadêmica e outras organizações para reversão do sucateamento da CUFSA e, nestes termos, encampamos as palavras de ordem: POR UM CUFSA PÚBLICO, GRATUITO E DE QUALIDADE, SEM A ATUAL REITORIA.
Dia 03/03 será realizada na Assembléia na Fundação.